Inspiração
O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?
TEXTO POR FELIPE MOROZINI
Imagine-se você num tamanho pequeno, onde tudo ao seu redor também diminuiu.
Ou tudo aumentou. Ao mesmo tempo.
Agora imagine alguém que vive com os olhos na altura da grama, percebendo o que ninguém percebe.
Dando valor a outras coisas, pequenas grandes coisas.
Foi assim que Manoel de Barros viveu. E é assim que começamos a entrar no universo do DW deste ano. Com algumas percepções sobre o assunto, costuramos os pensamentos de Manoel, para introduzir nossas reflexões:
“Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas.
Que a importância de uma coisa não se media com fita métrica nem com balanças.
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.
O mundo meu é pequeno, Senhor.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das
coisinhas do chão – Antes que das coisas celestiais.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Eu queria fazer para mim uma naturezinha particular.
Tão pequena que coubesse na ponta do meu lápis.
É no ínfimo que eu vejo a exuberância.
Prezo insetos mais que aviões.
Meu quintal é maior do que o mundo.”
– Manoel de Barros
Esta exposição trata de miniaturas de móveis e objetos, as quais possivelmente
despertam interesse desde que os móveis em tamanho real se tornaram elementos de civilização.
Embora as miniaturas de mobília possam ser observadas por suas funções
ritualísticas desde a antiguidade, também são reconhecidas como símbolos de móveis reais e percebidas por seu caráter lúdico, como peças de brinquedo, ou por sua função, como peças de uso.
Porém, há outro aspecto relativo ao elaborado processo de feitio de móveis no século XVIII, em que um artesão qualificado deveria demonstrar sua capacidade de produzir peças em miniatura perfeitamente iguais àquelas em tamanho natural, em dimensões reduzidas, como uma experiência que fazia parte do processo da criação e excelência.
E foi assim que começamos a materializar nossa exposição. Reunir designers, artistas e artesãos para transformar seus móveis e objetos numa escala diminuta, onde você deve estar atento aos detalhes. Instalações que questionam repetidamente nossa escala e mudam a perspectiva do objeto e do observador. Maquetes, dioramas, ninhos de pássaros, vale tudo para contar essa história. Fazer dessa escala lugar de afeto mas também de estudo. Prestar atenção. Fingir ser criança. Ser criança.
ARTISTAS E DESIGNERS CONVIDADOS
ARISTEU PIRES @aristeupiresdesign
ATELIER MARKO BRAJOVIC @markobrajovic
CAROL GAY @carolgay
ESTUDIO ORTH @estudioorth
GIACOMO TOMAZZI @giacomotomazzi
GILBERTO GOMES @gilbertogomes___
GUSTAVO BARROSO @gustavobarroso.eth
GUTO REQUENA @gutorequena | LATTOOG @lattoog
GUIDO ZIMMERMANN @guidozimmermann_art
HELENA LEOPARDI @atelierleopardi | RONALD SASSON @ronald_sasson_
IGOR SABAH @igorsabah
INSTITUTO CAMPANA @institutocampana
LEO CAPOTE @leocapote
LUCAS NEVES @lucasneves_atelier
MARCELINO DE MELO GADI @quebradinha_
NAZARENO RODRIGUES @nazarenorodrigues
OIAMO DESIGN @oiamodesign
PEDRO ÁVILA @avilapedro
ROCHELLE COSTI (IN MEMORIAM) @lucianabritogaleria
STEPHANIE PERLA @189.design
STUDIO MK27 @studiomk27
TOMAZICABRAL @tomazicabral
Há quem diga que é verdade
“Uma viagem ao interior de uma caverna, tendo como fio condutor, a similaridade entre a alegoria de Platão e nossos tempos e as mídias sociais.
Um caminho rumo a um mundo sem formas definidas, todas orgânicas e abstratas, todas vindas da terra e da pedra.
O onírico e o lúdico como escapismo de um tempo grotesco.
A caverna como metáfora do nosso próprio lar. Do nosso próprio ser, talvez. O que protege. O que traz conforto.
Mas outras metáforas também. Outras memórias.
Não são apenas sombras.
A ilusão da tela é a mesma da sombra na caverna.
A ilusão por realidade. Um outro critério de realidade.
O oráculo como passagem de luz, como uma saída possível do mundo sensível, para um futuro impossível.
Ao ir em direção à luz, levar junto com você a humanidade.
Uma geometria espacial, no sentido de vir de outro planeta, amorfa, pela única razão do deslocamento do objeto e suas funcionalidades, práticas ou estéticas.
Na busca dos artistas e designers, também optamos por pensamentos e formas abstratas, com discursos poderosos e realistas, quase surrealistas.
Os olhos irão doer. Porque enxergar dói mesmo.
A consciência intrínseca na própria existência do ser, apenas sendo.
Uma experiência sensível e questionativa sobre nossos (outros) tempos.”
Felipe Morozini
Diretor artístico e curador da instalação
Felipe Morozini é um artista paulistano, que vive há 20 anos no centro da cidade, pesquisando e sendo um agente ativo na transformação do espaço público.
Seu trabalho vai de grandes murais a pequenas poesias do cotidiano.
Formado em direito, usou a fotografia como possibilidade de novos diálogos. Já expôs seus trabalhos em diversas galerias e museus.
Atualmente trabalha junto a grandes marcas e o governo desenvolvendo projetos lúdicos e criativos que estimulam nossa sobrevivência.
A cidade e a natureza são seus pontos altos de inspiração e que permeiam todo seu trabalho.
@felipemorozini
Estudio Palma
Material: gesso, fibra de vidro, resina poliéster, lampada soquete, cabo e plug macho.
Palma é um estúdio co-fundado pela artista visual Cléo Dõbberthin e pelo arquiteto Lorenzo Lo Schiavo que busca explorar a intersecção entre design, arquitetura e arte.
@cleo.dobberthin @lorenzoloschiavo @palma.mmxx
Josephine Cho
Ian Diesendruck
Centopéias de Concreto
Material: concreto armado em molde perdido de isopor.
Pesquisando materiais, Ian busca entender maneiras diferentes de aplica-los. No caso dessa pesquisa com cimento, o designer apresenta uma coleção de esculturas funcionais limitadas.
#iandiesendruck
Nicole Tomazi + Sergio Cabral
Luminária Bio Galáctica
Material: crochet em fio de algodão cimento
Cadeira e Livreiro Grota
Material: malha metálica e cimento
Nicole Tomazi, Arquiteta formada pela PUCRS, é Mestre em Design com pesquisa em território e artesanato. Sergio Cabral é designer industrial com pós-graduação em Design de Interiores com ênfase em Cultura de Materiais, ambas formações pela FAAP.
A partir de maio de 2019 Nicole e Sergio decidiram unir suas habilidades para atuar como dupla no âmbito do design e arquitetura.
De características complementares, ele no diálogo com a matéria e ela no entendimento dos processos, têm na liberdade criativa um ponto de intersecção.
Atualmente desenvolvem projetos de arquitetura e de design experimental.
@osergiocabral @nicoletomazi
Camilla D'Anunziata
Luminária Pilares
Material: EPS, PVC, cimento, ferro, cold, clay, cola, tinta esmalte, lampada.
Camilla D'Anunziata tem uma abordagem caleidoscópica de sua prática mediando entre design, metafísica, artes visuais e explorando a maneira como estes campos descreve a realidade. Suas esculturas, objetos, cerâmica, videos surgem da combinação de diferentes linguagens que buscam compreender os símbolos como comunicação universal, assim como a ideia de multiverso existente em diferentes "presentes" da realidade segundo a visão quântica.
Camila também disponibilizou a luminária Oracle para a exposição. Confira na loja.
@danunziata
Humberto da Mata
Espelho Orgus
Material: cerâmica, vidro e papel machê estruturado com madeira.
Humberto da Mata é um estúdio de design localizado em São Paulo, Brasil.
Com foco na pesquisa de design com diversos materiais e técnicas, produz e desenvolve objetos em pequena escala de produção, com o auxílio de artesãos e pequenas indústrias locais.
@humbertodamata
Silvia Jábali
Escultura sem título
Material: espuma PU, piche.
Silvia Jábali, formada em Arquitetura, nasceu em Ribeirão Preto e desde 2003 vive e trabalha em São Paulo.
Sua pesquisa mais recente conjuga superfícies do plano pictórico
e materialidades do espaço tridimensional, onde elementos
configuram-se de modo instintivo e fugaz, como em uma harmonia
dissonante.
@silviajabali
Aujik
Projeção audiovisual
O artista japonês Aujik adiciona um novo sentido a ideia de selva de concreto com prédios como animais vivos.
@_aujik_